O Viking Link, uma estrutura gigantesca, é o maior cabo elétrico terrestre e marítimo entre países. Com mais de 765 quilómetros, este cabo transporta eletricidade pelo fundo do mar desde a Dinamarca até ao Reino Unido, numa obra de engenharia que superou vários desafios.
Um desses desafios foi atravessar o Mar do Norte, provavelmente um dos mares menos profundos do mundo, o que levou a um aumento das medidas de proteção contra possíveis danos ou sabotagens. Este cabo, que pesa cerca de 40 kg por metro, começou a funcionar na sua capacidade máxima no final de dezembro e transportará a energia produzida em parques eólicos de ambos os países.
“Simplesmente, quando a Dinamarca apresenta escassez de energia elétrica e o Reino Unido tem muito vento, apertamos um interruptor e a potência muda de direção de uma área que tem demasiada eletricidade para outra onde ela é mais necessária”, explica Rebecca Sedler, diretora geral de interconectores da empresa britânica National Grid.
O último trecho da ligação foi concluído em julho, com um navio lança-cabos chamado Leonardo da Vinci. A operação envolveu retirar secções de cabos da água e juntá-las a bordo do navio.
Tanto a Dinamarca como o Reino Unido estabeleceram o objetivo de consumir apenas eletricidade que não gere emissões de carbono até 2030 e 2035, respetivamente. Tal como acontece em muitos outros países, atualmente o Reino Unido não consegue suprir a sua demanda por energia elétrica apenas com fontes renováveis, como eólica, solar ou biomassa, ou mesmo nuclear. Por isso, o país ainda usa combustíveis fósseis como gás.
O Viking Link serve para canalizar e distribuir energia onde ela for necessária. A Dinamarca definiu o objetivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 70% até 2030 e começou a investir em energia eólica na década de 1970.
O Viking Link é, na verdade, uma superestrada elétrica que atravessa o Mar do Norte. A sua construção começou em 2019 e, até ao momento, já foram investidas mais de três milhões de horas de trabalho em planeamento e construção. O cabo de transmissão elétrica é feito de cobre, aço, papel e plástico e fica enterrado no fundo do mar.
O custo do projeto é de 2,3 mil milhões de dólares. Uma vantagem do projeto, segundo especialistas, é a diferença de horário entre os dois países que faz com que os picos de utilização de energia ocorram em momentos diferentes.
Embora seja impressionante, o Viking Link provavelmente não será o cabo mais longo da sua classe em pouco tempo. A planeada ligação elétrica Austrália-Ásia conectará Darwin, a capital mais a norte da Austrália, com a Indonésia e Singapura, com uma extensão total de 4,2 mil quilómetros.