Aproxima-se o Natal e, com ele, surge a icónica figura do Pai Natal. Este simpático senhor de barba branca, casaco vermelho e botas pretas é o emblema da época natalícia em grande parte do mundo. Mas afinal de onde vem esta figura e como evoluiu para o Pai Natal que conhecemos hoje? A resposta é um fascinante cruzamento entre lendas, religião, poesia e… marketing!
São Nicolau e o Começo de Tudo
As raízes do Pai Natal remontam ao século IV, com São Nicolau de Mira, um bispo cristão conhecido pela sua generosidade. Nascido na atual Turquia, São Nicolau tornou-se famoso por ajudar os necessitados, em particular crianças. A sua lenda espalhou-se pela Europa e evoluiu para diferentes tradições, como o “Sinterklaas” holandês. Este personagem, com um manto de bispo, tornou-se o precursor direto do moderno Pai Natal. Quando os colonos holandeses levaram a tradição do Sinterklaas para os Estados Unidos no século XVII, o nome foi anglicizado para Santa Claus. No entanto, foi só nos séculos XVIII e XIX que ele começou a ganhar a forma atual.
A Poética Reinvenção
A transformação do Pai Natal em figura folclórica moderna deve muito ao poema A Visit from St. Nicholas, de Clement Clark Moore, publicado em 1823. Nele, surgem pela primeira vez, alguns dos elementos mais conhecido, como o trenó puxado por renas e a entrada pela chaminé. Este poema popularizou a ideia de um velhinho alegre que distribui presentes na véspera de Natal, alterando significativamente a visão que temos hoje.
Thomas Nast e a Imagem Moderna
No final do século XIX, o caricaturista Thomas Nast, conhecido pelas suas ilustrações na revista Harper’s Weekly, consolidou ainda mais a imagem do Pai Natal. Nast representou-o como um homem rechonchudo, vestido de vermelho e branco, características que se tornaram padrão nas décadas seguintes.
A Revolução da Coca-Cola
Embora a Coca-Cola não tenha criado o Pai Natal, foi a empresa que definiu a sua aparência moderna. Em 1931, a marca contratou o artista Haddon Sundblom para ilustrar uma campanha publicitária. Inspirando-se no poema de Moore e no seu amigo Lou Prentiss, Sundblom criou um Pai Natal caloroso, sorridente e acolhedor, que captou o coração do público. Curiosamente, quando Prentiss faleceu, Sundblom usou-se a si próprio como modelo. Para seu conhecimento, fique a saber que a Coca-Cola não foi a primeira empresa a usar esta carismática personagem em publicidade, todavia, foram as suas campanhas que ajudaram a solidificar a associação da figura natalícia ao casaco vermelho, barba branca e botas pretas.
Curiosidades, normalmente desconhecidas, sobre o Pai Natal
- O erro no cinto: Num anúncio da Coca-Cola, a fivela do cinto apareceu invertida, resultado de Sundblom pintar a sua própria imagem através de um espelho.
- Rovaniemi, a casa oficial: Segundo a tradição nórdica, o Pai Natal vive na Lapónia finlandesa, mais precisamente em Rovaniemi, onde existe um parque temático dedicado a ele.
- As renas mágicas: A lenda das renas voadoras inclui Rodolfo, a rena do nariz vermelho, que surgiu em 1939 como parte de uma campanha promocional da loja Montgomery Ward.
- Cartas de todo o mundo: Todos os anos, milhares de cartas são enviadas ao Pai Natal. Na Finlândia, o seu “escritório” oficial responde em oito idiomas diferentes.
Ao longo dos séculos, o Pai Natal evoluiu de um santo venerado para uma figura folclórica e, finalmente, para um ícone global da cultura pop. Seja na Lapónia, nos centros comerciais ou na fértil e criativa imaginação das crianças, o espírito generoso e mágico do Pai Natal manteve-se e manter-se-á para sempre. Mais do que uma figura comercial, ele representa a esperança, a partilha e o amor – valores que tornam o Natal tão especial.