O futuro do mercado de trabalho enfrenta mudanças profundas, em grande parte impulsionadas pela tecnologia, pela transição energética e por fatores demográficos além dos económicos. O Future of Jobs Report, divulgado recentemente pelo Fórum Económico Mundial (FEM), traça um panorama do que esperar até 2030. Com base neste estudo, destacamos as profissões em declínio e ascensão, bem como as competências que moldarão o futuro profissional.
Empregos com Futuro Incerto: Quem Está em Risco?
A automatização e a digitalização têm acelerado o declínio de algumas funções mais tradicionais. O relatório aponta que, se a tendência se mantiver e tudo indicará que sim, serão os trabalhadores administrativos, operadores de caixa, assistentes de atendimento ao público, profissionais de introdução de dados e caixas de banco os mais afetados. Estas funções, muitas vezes repetitivas, são, pelo menos em teoria, mais facilmente substituídas por soluções tecnológicas e com recurso à inteligência artificial (IA).
Além disso, os serviços postais, antes essenciais, enfrentam um considerável declínio devido ao aumento da digitalização de processos e à preferência por comunicações online, à exceção no que diz respeito às entregas de encomendas, área em que se tem sentido um aumento igualmente relevante de ano para ano. Estes setores, que já sofriam pressão antes da pandemia, estão agora em risco acelerado de desaparecimento ou eventualmente, de substituição por outras metodologias.
As Profissões do Futuro: Áreas de Crescimento
Enquanto algumas funções correm um sério risco de desaparecerem, outras parecem seguir no sentido inverso no futuro do mercado de trabalho, muitas delas emergindo com algum poder e força. Setores como saúde, educação e tecnologia, apesar de todos os problemas, principalmente financeiros e de recursos humanos nas duas primeiras, destacam-se de entre as demais:
- Saúde e cuidados pessoais: A procura por enfermeiros, assistentes sociais e cuidadores cresce, refletindo uma população global a envelhecer e a necessidade de cuidados mais personalizados.
- Construção e logística: Trabalhadores da construção civil, motoristas de entrega e vendedores são algumas das profissões que devem aumentar em volume absoluto, graças ao crescimento urbano e à expansão do comércio eletrónico.
- Tecnologia: Profissionais de big data, especialistas em inteligência artificial, engenheiros fintech (palavra que surge da junção “financeiro” e “tecnologia”) e que em Portugal começam a mostrar alguma revolução no mercado financeiro, com soluções inovadoras e direcionadas para o cliente e programadores de software, lideram a lista de funções com maior crescimento percentual.
- Transição energética e sustentabilidade: Engenheiros ambientais, especialistas em energias renováveis e profissionais ligados a veículos autónomos e elétricos terão um papel crucial na adaptação a um mundo mais verde.
Competências em Alta: O Que Procuram os Empregadores?
Para o futuro do mercado de trabalho, o referido relatório dá ainda ênfase às competências mais procuradas, que vão desde as áreas mais técnicas até às humanas.
- Competências tecnológicas: Conhecimentos em IA, big data, cibersegurança e machine learning (uma área da Inteligência Artificial (IA) que permite que os sistemas aprendam com dados, consigam identificar padrões e façam previsões, o que significa ensinar um computador a agir e atuar de forma autónoma) são fundamentais. Cerca de 66% dos empregadores planeiam contratar talentos com estas competências nos próximos anos.
- Competências humanas: O pensamento analítico, a criatividade, resiliência e flexibilidade continuam a ser aspetos essenciais e muito valorizados. Apesar da automação, a capacidade de resolver problemas complexos e pensar critica e analiticamente, mantém-se como competências muito valorizadas no futuro do mercado de trabalho que parece começar a desenhar-se.
- Aprendizagem contínua: A instabilidade de competências está, de um modo geral, a reduzir. Isto significa que as aptidões ou ritmo a que estas se vão tornando obsoletas está, de certa forma, numa curva descendente e num ritmo mais lento. Apesar de ser ainda bastante evidente esta “falta de competências” generalizada, a diminuição dela deve-se, em grande parte, ao facto dos trabalhadores estarem a investir cada vez mais neles próprios, com ações de formação em diversas áreas, o que faz com que a necessidade de uma aprendizagem contínua, além de uma grande capacidade de encaixa às mudanças dos “mercados”, se revele com uma das principais competências para os próximos anos.
Vantagens e Desvantagens Da Mudança
A revolução no mercado de trabalho traz benefícios, mas também se faz acompanhar de grandes desafios:
- Vantagens:
- A criação de 170 milhões de novos empregos, como aponta o relatório, resultará num saldo líquido de 78 milhões de postos de trabalho até 2030.
- O melhoramento e a especialização das competências dos trabalhadores oferecem oportunidades de crescimento e adaptabilidade para quem está disposto a adquirir novas ferramentas de trabalho.
- A diversidade e a inclusão tornam-se pilares estratégicos, permitindo que grupos sub-representados integrem o mercado.
- Desvantagens:
- Profissões que dependem de tarefas rotineiras enfrentam declínio, colocando milhões de trabalhadores em risco de desemprego e, consequentemente, a extinção de milhões de postos de trabalho.
- A formação necessária nem sempre é acessível! Isto faz com que cerca de 11% dos trabalhadores possam não receber a qualificação adequada.
- A automação, embora eficiente, pode levar a reduções significativas da força de trabalho em setores como serviços e indústria.
Estratégias para um Futuro Sustentável
Empregadores e governos desempenham um papel essencial na adaptação ao novo panorama laboral e no futuro do mercado de trabalho. As principais medidas incluem:
- Prioridadade às competências dos trabalhadores: 85% dos empregadores priorizam a formação contínua como ferramenta para manter a relevância das suas equipas.
- Apoio ao bem-estar: Estratégias que promovam a saúde mental e física são fundamentais para atrair e reter talentos.
- Políticas públicas: Financiamento para a requalificação e incentivos fiscais para empresas que adotem práticas inclusivas e sustentáveis são cruciais.

Naquilo que já vem sendo registado nos últimos anos, não restam dúvidas que o futuro do mercado de trabalho será definido pela inovação, mas também pela capacidade de adaptação, tanto das empresas como dos seus profissionais. Enquanto funções mais tradicionais desaparecem, novas oportunidades emergem, especialmente nas áreas tecnológicas e sustentáveis. Para prosperar neste ambiente, a chave será investir em competências híbridas que unam o melhor do humano e do digital.
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