A habitual mudança da hora, para o horário de inverno, regressa no último domingo de outubro. Apesar das suas origens ligadas à poupança energética, a medida levanta hoje mais dúvidas do que benefícios, continuando a dividir opiniões.
A mudança da hora para o horário de inverno, marca um ritual já enraizado no calendário europeu, no final do mês de outubro. Em 2025, a alteração acontece na madrugada de sábado, 25 de outubro, para domingo, 26 de outubro. Às 03h00 da manhã, os relógios deverão ser atrasados 60 minutos, passando novamente para as 02h00.
Uma prática com mais de um século
A origem da mudança de hora remonta ao século XVIII, quando Benjamin Franklin, então embaixador em França, sugeriu de forma satírica que os parisienses acordassem mais cedo para poupar óleo e velas. A ideia, contudo, só ganhou forma prática no século XX. Durante a Primeira Guerra Mundial, alguns países adotaram oficialmente a alteração horária para, supostamente, reduzir o consumo de energia.
Em Portugal, a medida foi introduzida em 1916 e consolidada após a crise do petróleo dos anos 70, altura em que a poupança energética era vista como essencial. Atualmente, a legislação portuguesa e europeia estabelece que o horário de verão se inicia no último domingo de março e termina no último domingo de outubro, altura em que se inicia o horário de inverno. É uma medida que cada vez mais levanta questões, não só a nível energética, mas, e principalmente, nos impactos na saúde, e uma que vai ganhando mais opiniões, opiniões essas também algo divididas.
(Alegado) Impacto reduzido na energia
Se outrora o argumento central era a poupança de eletricidade, hoje, os especialistas reconhecem que esse efeito é cada vez menos relevante, visto que com os avanços tecnológicos e os novos padrões de consumo, tornaram o impacto da mudança praticamente residual.
O que permanece, contudo, é a adaptação do quotidiano à luz natural: no horário de inverno, o amanhecer ocorre mais cedo, mas também o pôr do sol acontece em horas mais próximas do final da tarde. Estas alterações estão longe de reunir consenso, com uma grande parte a preferir a alteração e outra a defender que se devia manter sempre o “horário de verão”.

Efeitos na saúde e no ritmo biológico
Apesar de parecer um gesto simples, e por mais que pensemos que não, a verdade é que atrasar o relógio em uma hora tem, de facto, repercussões no organismo. O ritmo circadiano, regulado pela exposição à luz solar, sofre alterações que podem provocar sintomas como:
- dificuldade em adormecer ou insónias,
- fadiga e falta de energia,
- problemas de concentração,
- irritabilidade e alterações de humor.
Segundo especialistas em sono, os efeitos costumam ser temporários, variando entre três dias e duas semanas, dependendo da pessoa e dos seus respetivos hábitos.
O que é o ritmo circadiano?
O ritmo circadiano é o compasso do nosso corpo, o relógio biológico que nos define e nos orienta. Sabemos que o nosso corpo tem uma cadência e um certo ritmo, que varia de pessoa para pessoa, nos quais o cérebro é quem conduz todos os movimentos. O ritmo circadiano trabalha em ciclos de 24 horas (tal como um relógio em ciclos de 60 segundos durante 24 horas). Daí a sua implicação direta e a sua importância na mudança da hora, seja para o horário de verão, seja para o horário de inverno.
Pode ficar a conhecer mais sobre o ritmo circadiano e todas as suas implicações aqui. Uma das definições que explicam as causas e efeitos da mudança da hora é a seguinte e que foi retirada do site anterior é:
“O corpo humano é como um grande relógio biológico. Como “relojoeiros do corpo”, exploraram a ligação dos genes ao comportamento, ou seja, como funcionam os genes que estão ligados ao sono e a forma como regulam o metabolismo ao longo do dia.
Os seus estudos permitiram perceber os porquês de algo tão simples como a forma como acordamos. Este simples reflexo advém de um complexo processo que prepara o corpo para acordar, mesmo antes de abrirmos os olhos. No sentido inverso, estudaram também de que forma o nosso organismo se prepara para o sono e nos faz adormecer.”
(Créditos: Unsplash)
A polémica sobre o futuro da mudança da hora
Nos últimos anos, a União Europeia tem discutido a eliminação da mudança da hora sazonal, permitindo que cada país escolhesse entre manter o horário de verão ou de inverno. No entanto, as divergências entre Estados-membros adiaram qualquer decisão definitiva, mantendo a prática até, pelo menos, 2026.
Assim, em 2025, continuará a cumprir-se a tradição da mudança da hora: mais uma vez, na madrugada de 25 para 26 de outubro, os portugueses terão de atrasar os relógios uma hora, dando início ao horário de inverno — com dias mais curtos, noites mais longas e, inevitavelmente, o debate sobre se esta mudança ainda faz sentido nos tempos atuais.
Será no ano de 2025 a última mudança de hora?