Seja na praia, no jardim ou numa esplanada, sabe sempre bem levar um livro debaixo do braço no Verão.
A verdade é que muitas vezes as nossas vidas atarefadas não permitem uma pausa para a leitura e, no Verão conseguimos encontrar a pausa ideal para nos dedicarmos a folhear umas páginas enquanto nos deliciamos com um refresco.
Os eternos românticos
Para todos os que não vivem sem uma bonita história de amor temos duas sugestões.
O primeiro é um romance histórico na Polónia dos anos 80, ”Nadar no Escuro”, com uma representação sensível da consciência que é criada quando a orientação sexual e a visão política confrontam as normas da sociedade e destoam da realidade social atual.
Ainda na onda do romance, sugerimos “Cleópatra e Frankenstein” de Coco Mellors, um livro para fãs de “Pessoas Normais” de Sally Rooney. Este livro aborda perda, amor, tristeza, momentos fugazes, sem se tornar vulgar e consegue despertar emoções em nós que nem sabíamos que tínhamos.
Os que não vivem sem aprender
Há sempre aquele grupo de pessoas que pode estar de férias com tudo incluído, mas precisa sempre de sentir que está a estimular o cérebro e a aprender. Para estes casos, em primeiro lugar recomendamos o “Cultish” da Amanda Montell, um livro onde a autora explora vários cultos que foram ocorrendo ao longo da história e que termina com cultos da actualidade como CrossFit, SoulCycle e obsessões pela Cultura Pop. Num tom sempre assertivo e sarcástico a autora explora a linguagem do fanatismo.
Numa nota completamente distinta, recomendamos o livro “Conversas sobre Amor” da Natasha Lunn. Mais do que uma leitura interessante, este livro assemelha-se a várias sessões de terapia, traz-nos uma visão muito diferente do que é o amor tanto romântico, como entre amigos e família. No formato de várias entrevistas, vemos a vulnerabilidade das pessoas ao serem abordadas sobre temas tão sensíveis.
Os fãs de autores portugueses
Para quem não vive sem um bom livro de um autor português, sugerimos o mais recente livro da Joana Bértholo: “Augusta B. ou as Jovens Instruídas 80 Anos Depois”. Há cerca de 80 anos, Agustina Bessa-Luís publicou um anúncio no jornal para encontrar um homem culto, algo completamente revolucionário para a época. Duas jovens nos dias de hoje, inspiradas por algo tão sofisticado e polémico, questionam-se sobre as aplicações de encontros e estabelecem-se bons paralelismos e contrastes com as duas épocas. Uma história pequena, mas repleta de humor.
Num tom ligeiramente mais melancólico, “Eliete” de Dulce Maria Cardoso é a nossa próxima sugestão. A escrita da Dulce é arrebatadora, traz clareza, lucidez e apresenta-nos as trivialidades da vida de uma forma harmoniosa. É um livro que vive dos preconceitos da sociedade, das amarras que nos prendem ao que devemos pensar e ser, do paradoxo de uma vida normal, é um livro que nos traz mais para nós, para dentro, e ao mesmo tempo nos leva para fora, para quem nos rodeia.
Os que gostam de livros leves e fáceis de terminar
Ler este livro é como estar numa esplanada com a autora a beber uma limonada enquanto falamos sobre alguns os temas que nos apoquentam, é uma espécie de sessão de conversas entre amigos que nos ajudam a perceber melhor o mundo em que vivemos a sermos mais empáticos com as situações que nos rodeiam. Com excertos da coluna que a autora tem numa revista, vamos vendo as perguntas e os dilemas que os leitores enviam à Dolly e mergulhamos, conjuntamente, nas histórias de cada pessoa que, muitas vezes, também são mais nossas do que pensávamos.
Depois de recebermos recentemente a autora em Portugal que gerou horas infindáveis de filas para autógrafos e fotos, recomendamos ”Impostora” de Rebecca R. F. Kuang. De leitura compulsiva e com o ritmo perfeito para enquadrar o som das ondas do mar, o livro desenvolve uma crítica social ao mundo editorial e nos questiona sobre apropriação cultural, sem se perder por algo demasiado profundo ou detalhado. A escrita é simples, mas engenhosa e a perversidade da personagem principal cria o cenário ideal para uma leitura que ninguém consegue parar.