A vacinação e o rastreio são as principais armas contra o vírus do papiloma humano
O vírus do papiloma humano (HPV) é uma das infeções sexualmente transmissíveis mais comuns e, em alguns casos, pode evoluir para o cancro do colo do útero. A ciência aponta que este tipo de cancro pode ser erradicado em países que adotem medidas eficazes de prevenção, como a vacinação e o rastreio regular. Portugal destaca-se como uma das nações que pode alcançar essa meta antes do previsto, graças às políticas de saúde bem estruturadas e ao Programa Nacional de Vacinação.
O que é o HPV e como se transmite?
O HPV é um vírus que pode afetar tanto homens como mulheres, sendo transmitido principalmente através do contacto íntimo pele a pele, incluindo relações sexuais vaginais, anais e orais. Existem mais de 200 tipos de HPV, dos quais 12 são classificados como de “alto risco” para o desenvolvimento de cancro. Os tipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 75% das lesões pré-cancerosas no colo do útero.
Embora a maioria das infeções desapareça naturalmente em cerca de um ano, algumas podem persistir e, ao longo do tempo, levar à formação de células cancerígenas. O uso de preservativo reduz o risco de transmissão, mas não o elimina completamente, pois o vírus pode estar presente em áreas não protegidas pela barreira física.
Os sintomas e as consequências do HPV
O grande desafio do HPV é que, na maioria dos casos, ele é assintomático, o que significa que muitas pessoas estão infetadas sem o saberem. Quando se manifesta, pode causar verrugas genitais, comichão, ardor e, em casos mais graves, hemorragias anormais. A longo prazo, o vírus pode ser responsável pelo desenvolvimento de vários tipos de cancro, como o cancro do colo do útero (100% dos casos), do ânus (84%), da vagina (70%), da vulva (40%), do pénis (47%) e de algumas formas de cancro da cabeça e pescoço (36%).
Como prevenir a infeção pelo HPV?
A prevenção do HPV assenta em três pilares fundamentais: vacinação, rastreio e uso do preservativo. A vacina contra o HPV faz parte do Programa Nacional de Vacinação e é recomendada a meninas a partir dos 10 anos, com duas doses. Desde 2020, os rapazes nascidos a partir de 2009 também passaram a ser incluídos no programa, uma medida essencial para reduzir a circulação do vírus.
O rastreio do cancro do colo do útero é outro fator determinante na prevenção, sendo realizado através da citologia (teste de Papanicolau) ou do teste de HPV-DNA, que identifica a presença do vírus. Mulheres entre os 25 e os 65 anos devem realizar este exame periodicamente, conforme a recomendação médica.
Portugal entre os países mais avançados na luta contra o HPV
Portugal é um dos países europeus com melhores índices de vacinação contra o HPV e de rastreio oncológico. O país está entre os três mais alinhados com as recomendações da União Europeia no combate ao cancro do colo do útero, juntamente com Eslovénia e Noruega. O Programa Nacional de Vacinação português tem sido elogiado internacionalmente pela sua eficácia, sendo um exemplo de sucesso na prevenção deste tipo de cancro.

Cancro do colo do útero pode ser erradicado?
Os especialistas acreditam que a erradicação do cancro do colo do útero é uma possibilidade real nos próximos 15 anos, sobretudo nos países que combinam vacinação de elevada cobertura com rastreios eficazes. Em Portugal, devido às elevadas taxas de adesão às políticas de prevenção, essa meta pode ser atingida ainda mais cedo.
O compromisso com a vacinação, a deteção precoce e a sensibilização da população são fundamentais para alcançar este objetivo. À medida que a ciência avança e as estratégias de saúde pública se aprimoram, a erradicação do cancro do colo do útero deixa de ser apenas uma hipótese e torna-se uma meta cada vez mais próxima da realidade.
O HPV é um vírus silencioso, mas pode ter consequências graves quando não é prevenido ou tratado a tempo. Felizmente, a ciência oferece soluções eficazes para evitar a progressão da infeção, e Portugal tem demonstrado um compromisso exemplar no combate a este problema de saúde pública. A combinação de vacinação e rastreio pode transformar o cancro do colo do útero numa doença do passado, provando que a prevenção e a informação são as melhores ferramentas na luta contra o HPV.
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