Sem calorias e 200 vezes mais doce que o açúcar, é a nova aposta saudável na alimentação.
Com origem nas regiões montanhosas do Sudeste Asiático, especialmente na China e na Tailândia, a fruta-do-monge — também conhecida pelo seu nome científico Siraitia grosvenorii — é usada há séculos na medicina tradicional chinesa. É valorizada pelas suas propriedades terapêuticas, sendo tradicionalmente utilizada para aliviar sintomas como tosse, bronquite, dor de garganta, febres, insolação e até prisão de ventre. No entanto, o Ocidente só recentemente começou a despertar para o verdadeiro potencial desta fruta singular.
O grande atrativo da fruta-do-monge reside no seu poder adoçante natural. Os seus compostos — conhecidos como mogrosídeos — não só proporcionam um sabor extremamente doce (entre 150 a 200 vezes mais doce do que o açúcar comum), como também não elevam os níveis de glicose no sangue, o que a torna uma excelente opção para diabéticos e para quem procura manter uma alimentação com baixo índice glicémico.
Ao contrário de outros adoçantes naturais, como o xilitol ou a stevia, a fruta-do-monge tem um sabor mais neutro e agradável, sem o amargor residual que por vezes está associado a alternativas sem açúcar. A doçura é obtida através da extração das sementes e da casca da fruta, que depois são secas e transformadas num pó fino. Este pó pode ser usado tal como o açúcar tradicional — em bebidas, sobremesas, molhos e até iogurtes — o que facilita a sua introdução no dia a dia.
Pertencente à família das cucurbitáceas, que inclui frutas como o melão, o pepino e a abóbora, a fruta-do-monge oferece ainda propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Estudos preliminares citados pela plataforma Healthlinesugerem que este adoçante pode ter efeitos positivos na prevenção de doenças metabólicas e no controlo do peso, graças ao seu perfil nutricional sem calorias e sem hidratos de carbono.
Apesar do seu potencial, a fruta-do-monge ainda é difícil de encontrar nos mercados portugueses e pode ser considerada um produto caro. Esta dificuldade deve-se ao facto de a planta ser de cultivo delicado e sensível às condições climáticas, o que torna a sua produção limitada fora do seu habitat natural. No entanto, já é possível encontrar versões importadas em lojas de produtos naturais ou em plataformas online especializadas.
Do ponto de vista regulamentar, enquanto organizações como a FDA (Food and Drug Administration, nos EUA) e o Health Department classificam a fruta-do-monge como “geralmente reconhecida como segura” — inclusive para grávidas e crianças —, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) é mais cautelosa. Em 2019, a entidade considerou que os dados disponíveis sobre toxicidade ainda são insuficientes para uma aprovação definitiva como aditivo alimentar. Assim, o consumo deve ser moderado e consciente, tal como acontece com qualquer novo ingrediente inserido na alimentação.
À medida que cresce a preocupação com doenças como a obesidade e a diabetes, motivadas pelo elevado consumo de açúcares, alternativas naturais como a fruta-do-monge ganham cada vez mais espaço na alimentação moderna. Seja como aliado numa dieta equilibrada ou como ingrediente funcional em receitas saudáveis, esta fruta antiga está a ganhar um novo protagonismo — e promete adoçar o futuro, sem culpas.
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