Exilionismo. Já ouviu falar neste termo? Se não, não se preocupe, não é o único. Exilionismo não é uma palavra que encontrará no dicionário, mas sim um conceito que se tornou viral nas redes sociais, impulsionado pela influencer Bárbara Pyrus. Em setembro de 2024, Bárbara, com 24 anos, tornou-se o centro das atenções online ao expor os comentários negativos que recebeu por se identificar como “exilionista”. Mas, afinal, o que é exilionismo e por que razão se transformou num fenómeno?
Segundo Bárbara Pyrus, exilionismo define-se como a condição de alguém que, embora nascido num país, sente uma profunda identificação com outra nacionalidade, experimentando um sentimento de “exílio” na sua própria terra natal. Em vídeos que rapidamente se propagaram pela internet, a influenciadora explica que os “exilionistas” sentem-se culturalmente deslocados, como se pertencessem a um país diferente daquele em que nasceram. No entanto, é crucial entender que o exilionismo de Bárbara Pyrus é uma personagem, uma criação estratégica para o mundo digital.
Bárbara Pyrus: A mente criativa por detrás do Exilionismo
Quem é a figura por detrás do exilionismo? Antes de se aventurar na criação de conteúdo em novembro de 2023, Bárbara Pyrus seguia a área do marketing digital, promovendo produtos para diversas marcas. Foi neste meio que a semente do exilionismo começou a germinar. Bárbara observava o uso frequente de termos em inglês por profissionais do sector, percebendo, na sua perspetiva, uma certa ostentação. “Eu via aquilo e mostrava ao meu marido. Sentia muita vergonha alheia,” confessou ao Band.com.br. Este desconforto, aliado ao stress profissional, motivou a mudança de rumo para a carreira de influenciadora.

O desejo de se tornar viral era claro, mas faltava o “nicho” perfeito. A inspiração surgiu de uma sugestão do marido, inspirada na máxima “que falem bem, que falem mal, mas que falem de mim”. A estratégia delineada era que Bárbara personificasse, nos seus vídeos, precisamente aquilo que a incomodava no mundo corporativo: a mistura forçada de inglês e português. A ideia foi aceite e rapidamente implementada.
“Eu tinha um perfil com apenas 300 seguidores na altura e comecei a pensar em conteúdo nesse formato que ele sugeriu. Um dos primeiros vídeos alcançou 700 mil visualizações. Nele, falava sobre perfumes que não usaria nem que me pagassem. Em todo o vídeo, uso uma pronúncia americana exagerada, o que pode ter contribuído para viralizar“, recordou Bárbara em entrevista ao Band.
Foi neste momento que Bárbara Pyrus percebeu o potencial de uma personagem caricata, que glorifica a cultura americana e critica a cultura brasileira, como um atalho para a notoriedade online.
A Génese do Movimento Exilionista
Bárbara Pyrus intensificou a produção de vídeos a satirizar a pronúncia de inglês por brasileiros. A procura por um nome para esta “identidade cultural” levou-a a consultar o ChatGPT. Ao questionar a inteligência artificial sobre “uma situação em que alguém nasce num país, mas se identifica como sendo de outro”, o termo “exílio” destacou-se. A junção com o sufixo “ismo” resultou em “exilionismo”.
“Na altura, pensei em combinar com o sufixo ‘ismo’, criando ‘exilionismo’. O nome pegou mesmo. Hoje, há várias pessoas a comentar nos meus vídeos a dizer que também são exilionistas, e isso só aconteceu graças ao ChatGPT”, admitiu a influenciadora.
O impacto foi imediato. A criação do “Movimento Exilionista” catapultou o perfil de Bárbara Pyrus, quase duplicando o número de seguidores. “Hoje tenho pouco mais de 200 mil no Instagram, mas antes do exilionismo estava na casa dos 100 mil”, comemora. O objetivo agora é alcançar 1 milhão de seguidores, mantendo a gratidão pelos tempos em que tinha “apenas” 300 fãs.
Em suma, o exilionismo emerge como uma sátira, uma persona digital criada com o intuito de se tornar viral e atrair seguidores. A ténue linha entre a crítica e a identificação com este conceito demonstra o poder da internet em gerar e disseminar ideias, mesmo que estas, como o exilionismo, nasçam de uma brincadeira com um toque de ironia.