Os sismos são fenómenos naturais imprevisíveis e que podem ocorrer a qualquer momento. Embora não possamos prever quando ou onde um sismo irá acontecer, apesar dos imensos melhoramentos por parte da ciência nesta área, é essencial estarmos preparados e sabermos como agir durante um sismo, por forma a protegermos a nossa segurança e a de quem nos rodeia. Neste artigo, partilhamos algumas dicas importantes sobre o que fazer antes, durante e depois de um sismo.
1. Sismos / Terramotos 🌍
- Mas afinal o que é um sismo, também conhecido por terramoto?
É fenómeno natural, resultante da libertação de energia acumulada nas rochas da crosta terrestre, devido ao movimento das placas tectónicas. Este é um processo que ocorre em três etapas principais:
– Acumulação de Tensão: As placas tectónicas estão em constante movimento devido às correntes de convecção no manto terrestre, imaginando o interior da terra como algo orgânico e em constante movimento. Quando estas placas se movem umas contra as outras, ocorrem tensões nas rochas ao longo das falhas tectónicas.
– Rutura: Quando a tensão acumulada nas rochas ultrapassa a resistência das mesmas, ocorre uma rutura. Esta liberta toda a energia acumulada sob a forma de ondas sísmicas. O ponto de origem da rutura, no interior da crosta terrestre, é chamado de hipocentro ou foco. A projeção do hipocentro na superfície terrestre é conhecida como epicentro, nomenclatura que todos conhecemos quando ouvimos uma notícia sobre estes fenómenos e que, por norma, vem acompanhada da distância, ou seja, dos quilómetros onde aconteceu.
– Propagação de Ondas Sísmicas: A energia libertada pela rutura propaga-se em forma de ondas sísmicas através da Terra, à imagem que temos quando se manda uma pedra para um lado. As “ondas” que surgem devido ao impacto da pedra na água, podem ser comparadas, de uma forma mais simplificada, às ondas sísmicas.
Existem vários tipos de ondas sísmicas:
– Ondas P (Primárias): São as mais rápidas a deslocarem-se e as primeiras a serem detectadas por sismógrafos. Movimentam-se através de compressão e descompressão, como uma mola.
– Ondas S (Secundárias): Chegam após as ondas P e movem-se de forma transversal, criando um movimento de cisalhamento.
– Ondas de Superfície: Propagam-se ao longo da superfície terrestre e são responsáveis pelos danos mais severos durante um sismo. Estas incluem as ondas Love e Rayleigh. - Consequências na Superfície
Quando as ondas sísmicas atingem a superfície, provocam vibrações no solo que podem causar danos em edifícios, infraestruturas e ao ambiente. A intensidade destes danos depende da magnitude (intensidade) do sismo, da profundidade do hipocentro, da distância ao epicentro e das características do solo, por onde as ondas passam e, claro, das construções locais. - A magnitude (intensidade) de um sismo é medida pela escala de Richter, baseada em dados e algorítmos matemáticos científicos, enquanto a intensidade dos efeitos observados na superfície (normalmente tendo em conta quase em exclusivo os danos causados e, por conseguinte, muito mais subjetiva) é avaliada pela escala de Mercalli.
2. Contexto Sismológico de Portugal
Como já estabelecemos, a atividade sísmica em Portugal está diretamente ligada ao movimento das placas tectónicas e à existência de falhas geológicas ativas. A falta de preparação pode agravar as consequências de um sismo, como colapsos de edifícios, incêndios ou cortes de serviços essenciais. Neste sentido, vamos deixar algumas dicas sobre como agir durante um sismo.
Zonas Mais Vulneráveis:
Algarve: Proximidade da falha Arade-São Marcos.
Lisboa e Vale do Tejo: Zona de interação entre placas tectónicas diversas. É uma das zonas mais vulneráveis do país, facto que a história não nos deixa esquecer.
Açores: Localizados na dorsal médio-atlântica, com atividade vulcânica e sísmica com bastante frequência..
Madeira: Uma zona menos ativa, mas, ainda assim, com risco associado a falhas locais.
3. Antes
🛠️ Preparação é a Chave
Prepare um Kit de Emergência 🧰 (tanto em casa como no trabalho):
- Inclua água, alimentos não perecíveis, medicamentos, lanternas, pilhas, um rádio portátil e os seus documentos mais importantes.
- Certifique-se de que todos sabem onde o kit está guardado.
Planeie uma Rota de Evacuação 🗺️:
- Identifique saídas de emergência em casa, no trabalho ou na escola (este é um trabalho normalmente muito bem feito e trabalhado nas escolas, um pouco por todo o país, partindo da iniciativa A Terra Treme), que normalmente decorre no mês de novembro com ações de sensibilização para o risco sísmico. Costuma ter a duração de 1 minuto e consiste em executarmos três gestos: BAIXAR, PROTEGER E AGUARDAR.
- Pratique com a família ou colegas para garantir que todos sabem como agir.
Fixe Objetos Pesados 🔧:
- Móveis, estantes e os eletrodomésticos para os quais for possível, devem estar bem fixos às paredes.
- Evite colocar objetos pesados em prateleiras altas.
Conheça as Zonas Seguras 📍 :
- Identifique as zonas, como por exemplo, debaixo de mesas resistentes ou cantos estruturais do local onde se encontra.
- Evite todas as áreas próximas a janelas ou objetos de vidro ou cortantes, como loiças.
4. Durante:
🚨 A Proteção é a Chave
Baixar, Proteger e Aguardar🪑:
- Se estiver dentro de um edifício, baixe-se, proteja a cabeça e o pescoço e aguarde debaixo de uma mesa ou móvel resistente. Em caso de se encontrar em edifícios nunca deve utilizar o elevador.
- Mantenha-se afastado de janelas e objetos que possam cair ou objetos cortantes, como janelas e candeeiros.
Evite Correr para o Exterior 🏃♂️:
- Ficar dentro de um edifício é, geralmente, mais seguro do que tentar sair durante o tremor de terra. Porém, poderão haver exceções. Cada caso será sempre um caso.
Se Estiver ao Ar Livre 🌳:
- Afaste-se de edifícios, árvores, postes de eletricidade ou outras estruturas com mais probabilidade de caírem e, principalmente, de todas aquelas que demonstrem algum sinal de fragilidade estrutural.
- Procure uma área aberta e fique de pé até o tremor parar e alerta do que e de quem o rodeia.
Se Estiver dentro de um Veículo 🚗:
- Pare o carro o mais depressa possível, numa área segura, longe de edifícios, árvores, postes e cabos elétricos ou pontes.
- Permaneça dentro do veículo até o sismo terminar.
5. Após o Sismo:
🆘 Avaliação e Segurança é a chave
Verifique Ferimentos 🩺:
- Avalie-se a si, pois é fundamental verificarmos em primeiro o estado em que nos encontramos, só será possível auxiliarmos quem nos rodeia se estivermos em condições para isso. Preste primeiros socorros se necessário.
Evite Áreas Perigosas ⚠️:
- Mantenha-se afastado de edifícios danificados ou que apresentem danos estruturais, pois podem colapsar com réplicas.
Atenção às Fugas de Gás e Incêndios 🔥:
- Verifique se há cheiros ou fugas de gás (normalmente caracterizadas com um som bastante agudo), tanto no interior como no exterior, bem como incêndios ou sinais de incêndio.
- Desligue o abastecimento de gás se estiver ao seu alcance e, se for seguro, evacue o edifício de forma ordeira, mas o mais rapidamente possível.
Siga as Instruções das Autoridades 📻:
- A importância de um kit de sobrevivência aqui torna-se extremamente relevante. Sintonize um rádio ou televisão portátil para obter as informações mais atualizadas possível.
- Evite usar o telefone, a menos que seja uma emergência. Não estranhe se as redes móveis estiverem em baixo. Tal acontece devido à sobrecarga na rede ou até mesmo à possibilidade das antenas móveis terem ficado destruídas durante o tremor de terra.
Prepare-se para Réplicas:
- Este é fenómeno muito frequente, principalmente depois de um grande sismo e para o qual devemos estar preparados em como agir durante um sismo. As réplicas não passam de tremores de terra com menos intensidade do que a do sismo principal, mas que, ainda assim, podem ser bastante fortes. É importante estar preparado para novos tremores, seguindo os mesmos procedimentos de segurança e precaução que temos referido.

6. Algumas Curiosidades
Os 3 Sismos Mais Intensos Registados no Mundo
- Grande Sismo do Chile (Valdivia, Chile):
- Data: 22 de maio de 1960;
- Magnitude: 9,5 na escala de Richter,
- Duração: Cerca de 10 minutos,
- Detalhes: É o sismo mais intenso desde que há registos. Foi o responsável por um maremoto (também conhecido como Tsunami), com ondas até 25 metros altura, que atingiram o Havai, Japão, Filipinas, Nova Zelândia, Austrália e as Ilhas Aleutas, estas a mais de uns impressionantes 14 mil quilómetros de distância.
2. Sismo de Sumatra (Indonésia):
- Data: 26 de dezembro de 2004;
- Magnitude: 9,2 na escala de Richter;
- Duração: Segundos dados sismológicos, terá tido uma duração entre 8 a 10 minutos;
- Detalhes: Este sismo, um dos mais destruidores apenas pela sua intensidade, causou um maremoto devastador, que resultou na morte de cerca de 230.000 pessoas em cerca de 14 países. É, provavelmente, o sismo responsável por um dos maiores tsunamis registados em vídeo, na era moderna, com centenas de vídeos dessa onda gigante em diversos pontos do mundo. Ao contrário de como é tradicionalmente retratado em filmes catástrofe, esta onde gigante registada era um verdadeiro volume imenso de água, sem grande altura, mas acompanhada por uma força tremenda, de tal maneira “disfarçada” que muitos em várias praias nem se chegaram a aperceber da imensa massa de água que se aproximava, o que acabaria por provar que muitos não estavam sequer sensibilizados para como agir durante um sismo.
3. Sismo do Alasca (EUA):
- Data: 27 de março de 1964;
- Magnitude: 9,2 na escala de Richter;
- Duração: Segundo o que se sabe, terá durado entre 4 a 5 minutos;
- Detalhes: Ficou para sempre conhecido como o Sismo da Sexta-Feira Santa, que ocorreu no dia 27 de março. Com a duração de quatro minutos, causou deslizamentos de terra e tsunamis, resultando em várias mortes.
4. Sismo de Tohoku (Japão):
- Data: 11 de março de 2011;
- Magnitude: 9,1 na escala de Richter;
- Duração: Cerca de 6 minutos;
- Detalhes: Outro dos sismos mais registados nos últimos anos. Este tremor de terra de grande magnitude, causou também um tsunami destruidor, que resultou na morte de cerca de 19.000 pessoas, com a agravante de ter provocado o acidente nuclear na central de Fukushima. O número de mortes adveio, na sua grande maioria, da onda gigante e não propriamente do terramoto em si, já que no Japão há já muitos anos que existe uma rigorosa política de construção antissísmica, que se revelou fundamental na grande estrutura arquitetónica deste país.
A preparação é e será sempre a melhor forma de enfrentar e saber como agir durante um sismo ou outro evento natural. Em Portugal, onde o risco sísmico é uma realidade, é essencial que todos estejam informados e saibam como agir numa ocorrência deste tipo. É importante participar em exercícios como o “A Terra Treme”, envolvendo a sua família, colegas e comunidade na preparação para estas situações catastróficas.
Lembre-se: baixar, proteger e aguardar são as ações que podem salvar a sua vida. Esteja preparado, mantenha a calma, proteja-se e lembre-se do maior “chavão” para saber como agir durante um sismo:
“A preparação é a chave para a sobrevivência.”