O termo Burnout já se tornou comum no nosso vocabulário e na nossa vida, descrevendo um estado de exaustão física, emocional e mental resultante do stress crónico no trabalho. No entanto, um novo conceito tem vindo a ganhar algum destaque nos últimos tempos: o burnon.
Mas o que é exatamente o Burnon e como se diferencia do Burnout?
Burnon: A Linha Vermelha Invisível
O Burnon, tal como definido pelos especialistas, descreve um estado de exaustão crónica, uma espécie de “depressão de exaustão” que mantém o indivíduo constantemente à beira do colapso. Porém, e ao contrário do Burnout, onde a pessoa se encontra completamente incapacitada, no Burnon, a pessoa ainda consegue manter-se funcional, embora numa linha muito ténue, numa situação que, com o passar do tempo, traz um custo elevado para a sua saúde, tanto física como mental.
A Diferença Crucial: Funcionalidade versus Incapacidade
A principal diferença entre o Burnon e o Burnout, consiste na capacidade de funcionamento de cada pessoa. Enquanto o Burnout leva à incapacidade total, o Burnon permite que a pessoa continue a desempenhar as suas atividades, mesmo que a um nível reduzido, sem motivação e sem qualquer objetivo e, acima de tudo, com um grande esforço associado.
Por outro lado, o Burnon é frequentemente ignorado ou considerado normalizado, é mais “aceite” e interiorizado, já que a pessoa se adapta ao estado de exaustão. No Burnout, os sintomas são mais evidentes e incapacitantes, levando a uma maior consciência do problema.
Por fim, o Burnon pode ser visto e tem sido, cada vez mais, considerado como uma fase preliminar do Burnout. Se não for tratado, pode evoluir para um Burnout completo, com consequências mais graves para a saúde física e mental.
A Sociedade da Produtividade
A atual sociedade moderna, com a sua cultura de produtividade constante e a omnipresença da tecnologia, e sem que nos apercebamos disto, cria um ambiente propício ao desenvolvimento do Burnon. A falta de limites claros entre o trabalho e a vida pessoal, a pressão para estar sempre disponível e a dificuldade em desligar do trabalho, contribuem largamente para este estado de exaustão crónica.

Sinais de Alerta: Reconhecendo o Burnon
Reconhecer a grande maioria dos sinais de alerta torna-se fundamental, por forma a evitarmos o colapso total. Alguns dos sinais mais comuns incluem:
- Falta de distinção entre tempo de trabalho e tempo livre;
- Falta de energia para atividades fora do trabalho;
- Preenchimento excessivo da vida privada com atividades;
- Stress, ansiedade, dores de cabeça e tensão muscular constante.
O Impacto do Burnon na Saúde
Apesar de ser menos incapacitante que o Burnout, não deve ser ignorado. A exaustão crónica pode levar a problemas de saúde física e mental, como depressão, ansiedade, doenças cardiovasculares e até distúrbios do sono.
Estratégias de Prevenção e Tratamento
A prevenção, bem como o tratamento do Burnon envolvem abordagens multifacetadas, que podem incluir desde:
- Definição de limites claros entre o trabalho e a vida pessoal;
- Práticar de atividades relaxantes e de lazer;
- Procurar apoio psicológico;
- Adotar hábitos de sono saudáveis;
- Praticar exercício físico regularmente.
Numa sociedade que valoriza a produtividade acima de tudo e de todos, é essencial lembrar a importância do autocuidado. Priorizar o bem-estar físico e mental é fundamental para evitar este fenómeno silencioso que é o Burnon e viver uma vida equilibrada e saudável. Afinal, como é dito popularmente, “a máquina humana também precisa de descansar”. Cuidar de nós mesmos não é um luxo, mas sim uma necessidade.
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