Quando pensamos no Pai Natal a distribuir presentes pelo mundo na noite de Natal, a imagem do seu trenó voador puxado por renas é inevitável. Porém, como surgiu essa ideia e qual a origem da lenda das Renas do Pai Natal? A história é repleta de imaginação, tradição e até de marketing criativo, que transformaram estes animais em verdadeiros símbolos de Natal.
A Inspiração nas Renas Reais
Em regiões como a Escandinávia, Rússia, Alasca e Islândia, as renas são, há muitos séculos, essenciais para a vida das populações, especialmente em ambientes de invernos rigorosos. Cumprindo a tradição, são trenós puxados por renas que eram (e ainda são) usados como principal meio de transporte eficiente nestes locais inóspitos e onde tudo é dificultado por densas e consideráveis camadas de neve. Foi essa ligação entre as renas e o transporte, que inspirou a associação delas ao Pai Natal. No entanto, para cumprir a tarefa impossível de entregar presentes a todas as crianças do mundo numa única noite, as Renas do Pai Natal tinham de ser especiais: não apenas resistentes, mas mágicas – portanto, capazes de voar pelos céus.
Que Tipo de Animal é a Rena?
As renas (Rangifer tarandus), também conhecidas como Caribus na América do Norte, são mamíferos adaptados a ambientes frios e caracterizam-se por várias particularidades que as tornam únicas no reino animal.
Físicas
- Tamanho e peso:
As renas têm um tamanho médio, com os adultos a pesar entre 80 a 300 kg, dependendo do sexo e da subespécie. Os machos são geralmente maiores do que as fêmeas. - Pelagem espessa:
A pelagem das renas é densa e isolante, composta por pelos ocos que ajudam a reter o calor corporal e a flutuar na água, facilitando a travessia de rios e lagos. No inverno, a pelagem fica mais espessa e geralmente mais clara, assumindo tons acinzentados ou brancos. - Pernas adaptadas ao frio:
As patas são cobertas de pelos até os cascos, o que proporciona isolamento térmico e evita que escorreguem no gelo.
Cornos (ou hastes)
- Machos e fêmeas têm cornos:
Ao contrário de outros cervídeos, tanto os machos como as fêmeas desenvolvem hastes, embora as dos machos sejam maiores e mais ramificadas. - Função das hastes:
Os cornos são usados para defesa, disputas territoriais e escavação da neve em busca de comida. - Perda anual dos cornos:
Os machos perdem os cornos no final do outono ou início do inverno, enquanto as fêmeas os mantêm até a primavera, permitindo-lhes competir por recursos durante a gravidez.
Adaptações ao Clima Frio
- Narinas especializadas:
As renas têm narinas grandes e adaptadas, capazes e preparada para aquecerem o ar frio antes de chegar aos pulmões, o que lhes permite economizar energia. - Habilidade de migração:
São conhecidas por percorrerem grandes distâncias, com algumas populações migrando até 5.000 km por ano – a maior migração terrestre de qualquer mamífero.
Alimentação
- Dieta variada:
As renas são herbívoras e alimentam-se principalmente de líquenes (às vezes chamados “musgo das renas”), ervas, folhas, arbustos e cogumelos. - Sobrevivência no inverno:
No inverno, sobrevivem quase exclusivamente de líquenes, que conseguem escavar debaixo da neve graças às suas patas e focinhos especializados.
Comportamento Social
- Animais gregários:
As renas vivem em grandes rebanhos, que podem variar de dezenas a milhares de indivíduos, o que as protege de predadores. - Comunicação:
Emitam sons para se comunicar, como grunhidos ou “estalos” característicos, produzidos pelos tendões dos joelhos enquanto caminham.
Outras Curiosidades
- Visão ultravioleta:
As renas têm a capacidade única de ver luz ultravioleta, o que lhes permite detetar predadores e alimentos em paisagens cobertas de neve. - Velocidade:
Podem correr até 80 km/h em curtos períodos, o que é útil para fugir de predadores. - Cascos ajustáveis:
Os cascos das renas mudam de tamanho com as estações: no verão, são mais macios e grandes para terrenos lamacentos; no inverno, tornam-se duros e estreitos para quebrar o gelo e caminhar na neve.
As Oito Renas Originais
A ideia das renas mágicas foi popularizada no poema norte-americano A Visit from St. Nicholas (1823), também conhecido como The Night Before Christmas. Escrito por Clement Clarke Moore (ou possivelmente por Henry Livingston Jr., segundo alguns estudos), este poema foi o primeiro a nomear as Renas do Pai Natal. No poema, Nicolau é descrito a conduzir um trenó puxado por oito renas, cada uma com um nome emblemático, cheios de energia e simbolismo, que ajudaram a criar uma imagem mágica e veloz das Renas do Pai Natal, atributos essenciais para o papel que desempenham:
- Corredora (Dasher)
- Dançarina (Dancer)
- Empinadora (Prancer)
- Raposa (Vixen)
- Cometa (Comet)
- Cupido (Cupid)
- Trovão (Donner)
- Relâmpago (Blitzen)
A Chegada de Rodolfo, a Rena do Nariz Vermelho
Apesar das oito originais, não há dúvidas que a rena mais famosa é a do nariz vermelho e luminoso – Rodolfo, que, contudo, só surgiria mais tarde, em 1939. A sua história nasceu não de tradições antigas, mas de um folheto promocional criado pela loja americana Montgomery Ward. A empresa encomendou um conto natalício, que pudesse ser distribuído às famílias como parte de uma campanha de marketing, tendo com tal gesto, feito nascer “Rudolph the Red-Nosed Reindeer”.
Escrito por Robert L. May, o conto narrava a história de uma rena que, por ser diferente – com um nariz brilhante e vermelho – era inicialmente alvo de discriminação e bullying por parte das outras renas. No entanto, numa noite de intenso nevoeiro, o Pai Natal percebe que o nariz luminoso de Rodolfo seria a solução perfeita para guiar o trenó, garantindo dessa forma que os presentes conseguem chegar a tempo a todas as crianças no mundo. A história foi um sucesso imediato, consolidando Rodolfo como a líder do trenó natalício. A lenda ainda viria a ganhar mais força quando, em 1949, a música Rudolph the Red-Nosed Reindeer, interpretada por Gene Autry, se tornou um êxito mundial.
O “Valor” das Renas Mágicas
As Renas do Pai Natal vão muito mais além do que o seu simples papel funcional na história. São representações da magia, do espírito natalício e até de valores como o da inclusão, mas não só. A narrativa de Rodolfo, em particular, destaca outros valores igualmente importantes, como aceitação, superação de diferenças e a importância de cada um, mesmo aqueles que são considerados “diferentes”.
Curiosidades Sobre as Renas do Pai Natal
- Porque é que são renas?
Além do seu uso tradicional em trenós nas regiões geladas, as renas são associadas à mitologia de variadíssimas histórias nórdicas, o que ajudou a reforçar a ligação com o Pai Natal, uma figura de inspiração europeia. - E se não fossem oito?
A tradição consolidou-se em torno de oito renas devido ao poema de 1823. No entanto, há relatos de versões que mencionam até doze renas. - A magia de Rodolfo
O nariz luminoso de Rodolfo é frequentemente comparado à luz da Estrela de Belém, representando uma guia segura em tempos de dificuldade. - As renas no marketing
A inclusão de Rodolfo na equipa das renas mostra como o Natal moderno é uma mistura de tradições antigas e invenções contemporâneas que se tornaram indispensáveis para o imaginário popular.
As Renas do Pai Natal são um exemplo perfeito de como lendas e tradições podem evoluir ao longo do tempo, combinando elementos culturais, históricos e criativos. Desde as oito renas originais até à chegada triunfante de Rodolfo, elas continuam a simbolizar a magia do Natal, sempre ligadas à figura do Pai Natal, no fundo o líder humano da equipa voadora e que todos os anos tem a seu cargo a difícil tarefa de entregar todos os presentes, além da capacidade de encantar crianças e adultos, um pouco por todo o mundo.