A Árvore de Natal é hoje um elemento essencial nas celebrações natalícias, iluminando casas e espaços públicos, por todo o mundo. Porém, como surgiu esta tradição? Para além da beleza decorativa, a Árvore de Natal carrega um simbolismo rico e fascinante que atravessa séculos, culturas e algumas crenças.
A Origem Sagrada das Árvores
Muito antes da era cristã, as árvores já eram veneradas em rituais de civilizações antigas. No terceiro milénio antes de Cristo, povos da Europa e da Ásia consideravam-nas símbolos divinos, associando-as à ligação entre o céu e a terra. Durante o solstício de inverno, vários rituais envolvendo árvores decoradas com oferendas eram comuns entre povos celtas, germânicos e babilónios.
Os celtas, por exemplo, enfeitavam carvalhos com frutas e velas para celebrar o renascimento da natureza e garantir o retorno do sol. Os germânicos, por sua vez, colocavam presentes sob os carvalhos dedicados ao deus Odin. Estes costumes pagãos serviram de base para a posterior cristianização da tradição.
A Árvore de Natal e o Cristianismo
Foi no século VIII que a transformação da tradição começou. São Bonifácio, um missionário inglês, chegou à Alemanha e encontrou povos pagãos a prestar homenagem a um carvalho sagrado. Para mostrar a superioridade da fé cristã, cortou o carvalho e apontou para um pinheiro, destacando o formato triangular como símbolo da Santíssima Trindade e a sua perenidade como representação da eternidade de Cristo. Com o tempo, a tradição pagã foi adaptada para se alinhar ao cristianismo, transformando o pinheiro na “Árvore de Natal”, uma celebração do nascimento de Jesus.
O Primeiro Pinheiro Decorado
Acredita-se que a primeira Árvore de Natal decorada surgiu em Riga, na Letónia, em 1510. No entanto, outra lenda atribui a origem ao teólogo Martinho Lutero, no início do século XVI. Diz-se que Lutero, ao caminhar numa floresta nevada, ficou deslumbrado com o brilho das estrelas refletidas nos pinheiros. Inspirado, decorou um pinheiro com velas em casa, recriando o espetáculo que havia presenciado.
A Popularização da Tradição
A Árvore de Natal espalhou-se pela Alemanha entre os séculos XVI e XVIII, inicialmente entre os luteranos. No século XIX, a prática chegou a Inglaterra, graças à Rainha Carlota, esposa do Rei Jorge III, que trouxe a tradição do seu ducado alemão. Mais tarde, a Rainha Vitória e o Príncipe Alberto consolidaram o costume ao serem retratados numa famosa gravura junto de uma árvore decorada, publicada no The Illustrated London News em 1848. A imigração alemã para os Estados Unidos, na mesma época, também desempenhou um papel crucial na disseminação da tradição pelo continente americano.
Curiosidades
- Árvore Artificial: As árvores artificiais, populares desde a década de 1930, surgiram como alternativa prática e sustentável para regiões sem acesso a pinheiros naturais.
- Tradição Latino-americana: Em países como a Argentina, há o costume de doar a árvore de Natal a cada sete anos, simbolizando renovação.
- Criar o pinheiro: Em muitos locais, há famílias que cuidam do seu pinheiro durante o ano, desde pequenino. Com os cuidados diários, vão criando o seu pinheiro até ele crescer e poder ser a Árvore de Natal daquela família.
- O reaproveitamente: Alguns municípios promovem uma espécie de reciclagem, quando por, variadas razões, os seus serviços procedem à limpeza das suas matas e florestas. Os pinheiros cortados nestas alturas, são depois vendidos (a preço simbólico) e nalguns casos até doados.
A Árvore de Natal como Símbolo
A Árvore de Natal transcende fronteiras religiosas e culturais, sendo adotada por católicos, protestantes, ortodoxos e até mesmo por pessoas não religiosas. Este pinheiro iluminado e enfeitado tornou-se um símbolo de esperança, paz e alegria. Quer seja natural ou artificial, decorada com bolas tradicionais ou enfeites modernos, a Árvore de Natal continua a ser um elo que liga o passado e o presente, celebrando o que há de mais universal no ser humano: a vontade de partilhar e celebrar, valores que refletem e dignificam o verdadeiro espírito natalício.